Dia 0 - Preparações

Foto de Anibal Barlow Martins, retirada da página Facebook Aldeia de Sonim

A Vila Flor Agreste fica situada na aldeia de Sonim, a cerca de 18 km de Valpaços e a 33 km de Chaves. Tem uma área de cerca de 4,4 ha, divididos identicamente por duas parcelas; uma na parte de montanha - "Seixo” - a cerca de 2 km da aldeia e a outra  -“Flor Agreste” - perfeitamente integrada na aldeia. São duas realidades com belezas espantosas porém distintas: o “Seixo” com a vista dum horizonte longínquo e a tranquilidade que só a distância aos meios humanos proporciona; a “Flor Agreste” com uma enorme biodiversidade calorosamente aninhada num radioso pequeno vale.

O nome deste projeto de vida foi escolhido para transmitir a ideia de comunidade dinâmica e alegre (Vila), de beleza estética e natural (Flor) e as características intrínsecas do Nordeste Transmontano (Agreste).

É um local cuidadosamente escolhido pelas suas características sociais (ex., população algo envelhecida, ligações familiares), ecológicas (ex., níveis de poluição baixos relativamente ao resto do país, estado de preservação de grande parte do património ambiental da aldeia), económicas (ex., migração das gerações mais novas, adequação e valorização de produtos e serviços locais) e culturais (ex., entreajuda entre os habitantes, dinâmica cultural única).

Ao escolhermos esta aldeia para viver e aqui desenvolver a nossa atividade, estamos conscientes das potencialidades aqui existentes e, também, das dificuldades comuns que o interior de Portugal encerra.

A decisão de desenvolver este projeto de vida nesta aldeia tem raízes nos sonhos que ambos partilhamos para o nosso futuro e da nossa filha que está quase a nascer (Abril de 2014?). Radica também na consciência de que a realidade que o Planeta atravessa é em muito devida à intervenção humana, e na firme convicção de que nós podemos fazer a nossa pequena parte para assegurar um futuro para todos nós.

Existe um número crescente de pessoas que estão cientes dos enormes desafios que enfrentamos coletivamente e que, em grupos maiores ou menores, estão a organizar-se e a por as mãos-à-obra para os resolver.

A Permacultura é uma designação que engloba um desses grupos de pessoas que estão espalhadas globalmente e que intervêm localmente nas suas comunidades. Temos uma ética de vida comum que pode ser sintetizada assim: respeitamos e tratamos da Terra, em particular do solo que sustenta toda a vida; respeitamos e tratamos das pessoas, a começar pelas que vivem na nossa comunidade; trabalhamos para criar um futuro de abundância partilhada por todos.

Há uma frase que é usualmente atribuida a Mahatma Gandhi e que nos é particularmente inspiradora:

"Sê a mudança que queres ver no mundo"

Queremos de facto ser agentes ativos da mudança para um mundo onde possamos suprir as nossas próprias necessidades sem colocar em risco a capacidade dos nossos descendentes poderem suprir as suas. E no percurso queremos viver uma vida plena, mais dependente do nosso esforço, engenho e dedicação do que numa competição insana e interminável em que grande parte do mundo parece ter-se tornado.

Para duas pessoas que sempre viveram em Lisboa, com infâncias felizes nas férias de Verão nas aldeias de proveniência dos seus pais (Sonim é uma dessas aldeias), o processo de decisão teve necessariamente de levar em linha de conta não só os nossos sonhos para um futuro desejado mas também um conjunto de considerações de ordem mais prática como por exemplo:

- Quais são as atividades que podemos desenvolver, que simultaneamente nos motivem, sejam necessárias para a comunidade, assegurem um nível de subsistência e prosperidade suficiente e que contribuam para ajudar a criar e/ou a manter sustentáveis as vidas dos habitantes desta aldeia?

- Que recursos estão disponíveis e que podemos utilizar para concretizar um estilo de vida sustentável e desejável?

- Debater intensamente com amigos e familiares os pormenores das nossas ideias e as melhores formas de as concretizar;

- Planear a sequência do processo de transição o mais tranquilo possível de uma vida citadina, sem filhos e com empregos exigentes para uma vida rural, com uma criança recém-nascida, a trabalhar por conta própria e com projetos com prazos de execução apertados…

Estavamos em Março de 2013 quando a resposta à nossa pergunta mais recorrente - Conseguiremos encontrar em Sonim formas de assegurar a nossa subsistência? - surgiu claramente: Sim, vamos avançar e por as mãos-à-obra!

Os leitores estão convidados a acompanhar os desenvolvimentos neste blog que será (a par com a página do Facebook "Vila Flor Agreste") o meio de divulgação das atividades que vamos desenvolvendo.

Sejam bem-vind@s!